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  • Por que as mulheres não pedalam?

    Tags: dia da mulher 8 de março ciclismo feminino
  • 21.09.2021

Andar de bicicleta traz inúmeros benefícios à saúde, ao meio ambiente, à economia e à sociedade. Mas os números mostram uma grande divisão de gênero quando se trata de ciclismo. Cerca de 50% menos mulheres do que homens pedalam duas vezes por semana ou mais, de acordo com uma pesquisa do Sustrans, e quando se trata de andar de bicicleta nas estradas, o número cai novamente. Segundo a pesquisa, quase 8 em cada 10 mulheres nunca pedalaram, mas 43% das mulheres tinham acesso a uma bicicleta. Além disso, cerca de um terço das mulheres não pratica o ciclismo, mas gostaria de iniciar.

Razões comumente citadas para evitar o pedal incluem a pouca infraestrutura dedicada ao ciclismo na maioria das cidades, assédio sexual e ansiedade sobre a aparência. Mas a preocupação principal para muitas ciclistas é a segurança. Elas tendem a estar mais preocupadas com o assunto do que os homens, e esses medos são perfeitamente racionais.

Historicamente, os lugares onde persiste uma lacuna de gênero no ciclismo também são lugares carentes de infraestrutura para bicicletas. Sem ciclovias, vias protegidas e similares, os ciclistas podem ser forçados a entrar em situações de risco ao lado dos motoristas. Por isso, os poucos ciclistas que se arriscam a atravessar o trânsito das cidades geralmente são homens. É preciso ter confiança para ir para a rua enfrentar motoristas agressivos e tentar ser respeitada por ônibus e caminhões. Muito frequentemente, isto leva a acidentes fatais e as mulheres têm motivos reais para se preocuparem.

Riscos maiores para as mulheres

Um estudo da Universidade de Minnesota sugere que os riscos são, de fato, maiores para as mulheres: os motoristas são mais propensos a invadir perigosamente (isto é, a passar a menos de um metro) o espaço de uma mulher ciclista do que de um homem.

Some-se a isso o assédio sexual e não é de se admirar que muitas mulheres estejam relutantes em subir em suas bicicletas. Mulheres e meninas aprendem desde cedo a se preocupar com sua segurança pessoal e a mudar seu comportamento, seu vestuário, sua fala e seus deslocamentos para evitar o assédio sexual ou a violência.

A maioria das experiências são de assédio verbal, mas há exemplos de assédio físico (como, por exemplo, tapas no traseiro) ou homens tirando fotos de mulheres enquanto elas andam de bicicleta. Algumas ciclistas ficam tão intimidadas que não ousam responder por medo de que a situação se agrave. Para outras, o abuso se tornou tão assustador que deixaram de andar de bicicleta na cidade por completo.

Ainda que os homens também sejam alvo de agressões no trânsito, as mulheres estão mais freqüentemente sujeitas a uma provocação especificamente sexualizada, da qual os homens parecem ser poupados. Devemos ver o assédio como sintomático de uma sexualização mais ampla e perturbadora das atletas femininas.

Desigualdade em nível profissional

Apesar do enorme progresso no esporte feminino, as atletas continuam a ser definidas por sua sexualidade. Este aspecto talvez seja mais aparente na promoção do vestuário de roupas esportivas em geral (não somente de ciclismo), que visam mais esculpir uma figura feminina sexualmente atraente do que fornecer um apoio substancial para o exercício. Não faltam exemplos de marcas que prometem “enaltecer o físico" com suas roupas coladas à pele. Quando se é uma atleta feminina, há uma enorme pressão sobre como o seu corpo deveria ser.  Para muitas mulheres que acham que não estão com o "corpo apropriado", encontrar roupas esportivas com as quais elas se sitam confortáveis é uma barreira à prática de qualquer esporte. E quando as pessoas pensam que é preciso perder alguns quilos para poder começar a andar de bicicleta, isso é um problema.

O desequilíbrio entre os gêneros atinge também o ciclismo de competição. Apesar do entusiasmo de parte do público e do destaque que as mulheres da bike vem ganhando (muito por ação das próprias ciclistas), ainda é gritante a desigualdade entre homens e mulheres nesse esporte. Os salários, patrocínios e prêmios quase nunca são equivalentes e as competições carecem de cobertura da imprensa.

Mesmo eventos femininos profissionais ainda ocupam lugar inferior ao dos masculinos, em horários ingratos, cobertura pobre da mídia e descaso dos dirigentes que organizam provas. O Giro Rosa, criado para ser uma versão feminina do Giro d’Italia, só se tornou parte do World Tour da UCI em 2016. Trata-se da competição mais longa da UCI e, mesmo assim, recebe pouquíssima atenção da mídia. Na Strade Bianche deste ano, prova que abre o Women's WorldTour, uma campanha de crowdfunding foi iniciada pelos fãs para igualar os prêmios da categoria feminina à masculina. O objetivo da campanha é aumentar o prêmio feminino de seu total atual de 2.256 euros para os mesmos 16.000 euros do prêmio masculino. 

A lacuna de gênero do ciclismo não necessariamente precisa existir. Na Dinamarca, as mulheres representam 53% de todos os ciclistas. Na Alemanha, 49% das viagens de bicicleta são feitas por mulheres. A Holanda tem uma participação ainda maior, de 55%.

Então o que pode ser feito para que mais mulheres tornem-se ciclistas?

Melhorias na segurança rodoviária poderiam ajudar, visto que é uma das principais barreiras que impedem as mulheres de andar de bicicleta. Mas para se juntar às fileiras de cidades como Amsterdam e Copenhague, os centros urbanos têm que investir na infra-estrutura de ciclismo de uma forma equitativa e eficaz. Isso significa compreender onde as mulheres não se sentem seguras pedalando, e que tipos de infra-estrutura atuariam como corretivo.

De acordo com pesquisas sobre mulheres e ciclismo em São Francisco, as cidades devem investir em ciclovias protegidas com sinalização consistente e clara que funcione como uma rede unida para encorajar as ciclistas femininas. Juntamente com um estacionamento mais seguro para bicicletas, estes investimentos em infra-estrutura tornariam a bicicleta mais segura, apoiando aqueles que já andam de bicicleta e incentivando aqueles que ainda não praticam o esporte.

Combater as atitudes sexistas entre os usuários masculinos da estrada seria um importante passo. Eventos sociais que permitem às mulheres experimentar o ciclismo em um ambiente mais tranquilo, juntamente com iniciativas como aulas de manutenção lideradas por mulheres, podem ajudar a tornar o ciclismo mais acessível e inclusivo. Talvez como parte de um sistema que una ciclistas experientes com outras mais novas.

Entretanto ainda é pouco. O ciclismo feminino evoluiu lindamente e merece maior respeito de toda a comunidade ciclística. Aumentar o uso da bicicleta e facilitar a locomoção pelas cidades produziria benefícios reais para todos os residentes. Mas estes benefícios só podem vir após saber das pessoas o que funcionaria para elas, e ouvir com atenção o que todos, e especificamente as mulheres, têm a dizer.

As diferentes decisões que homens e mulheres tomam sobre o ciclismo não se baseiam apenas em questões de conveniência ou conforto. As percepções das pessoas sobre segurança influenciam como, quando, onde e porque elas viajam. É crucial que as cidades acolham as preocupações de segurança das mulheres e garantam que nossas vias sejam espaços compartilhados seguros que possam ser usados por todos os usuários, independentemente do método de transporte escolhido.

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